Desde as movimentações da última trade deadline, a franquia de Chicago deixou claro que queria acelerar o processo de reconstrução. No entanto, o timing da chegada do pivô Nikola Vucevic veio em um momento em que a temporada já estava perdida. Isso também apontou para o futuro de Lauri Markkenen: cedo ou tarde o ala-pivô seria trocado. Quando o futuro do Bulls parecia incerto – assim como o rebuild –, vale lembrar que devemos confiar em Arturas Karnisovas, pois ele é responsável pelo MVP da temporada passada e pelo ótimo time de Denver.
Mas quais eram os problemas dos touros na última temporada?
Basicamente na armação do time, na criação de jogadas. Chicago não tinha um playermaking sólido, já que Coby White não conseguia criar o arremesso para os colegas de equipe, nem criar situações de missmatch para si e para seus companheiros. Ele também não se mostrou um bom defensor, além da instabilidade nos arremessos. Resumo da ópera: não é um armador titular e se encaixaria melhor como sexto homem.
Nas alas tínhamos o problema de não termos um 3&D guy. Faltava tamanho, pois Denzel Valentine, Chandler Hutchison e Otto Porter Jr. eram extremamente inconstantes, não defendiam nem uma cadeira e tinham péssimos escolhas de arremessos, somados aos turnovers atrás de turnovers. Isso sem contar que os três tinham um plus-minus negativo: mais atrapalhavam do que ajudavam na rotação.
No garrafão havia o problema de Wendell Carter Jr. não se mostrar um pivô dominante, muito menos se firmar como titular, pois não conseguia pegar rebotes, fazer o boxout, proteger o aro e ser mais constante no ataque. Seu parceiro de garrafão, o finlandês Markkanen, se quer ficava no garrafão, além de como stretch four ser muito instável e manter os problemas de sempre: lesões. Mesmo medindo 2.13m só obteve cinco rebotes por jogo e no ataque selecionava muito mal seus arremessos.
O banco de reservas não tinha profundidade suficiente, não podemos esquecer, e o Bulls teve de improvisar já que não tinha um garrafão descente. A armação era uma bagunça, onde nenhum dos armadores que vinham da reserva davam conta de consertar os problemas do menino White e as alas, os problemas de anos anteriores foram arrastados.
Porém, graças a Zach LaVine, Patrick Williams, Thaddeus Young e aos reforços que chegaram depois da trade deadline, Chicago teve uma pequena melhora, principalmente com a chegada de Daniel Theis, Vucevic e Troy Brown Jr. Mais profundidade e bons pontuadores foram acrescentados, mas o problema na armação e na proteção do aro permaneceram.
O que esperar do Bulls nessa temporada?
Com a chegada de muitos armadores ou combo guards, Chicago conseguiu, na teoria, arrumar o problema de criação de jogadas e o problema defensivo no perímetro com a chegada de Lonzo Ball, Alex Caruso, Matt Thomas e o rookie Ayo Dosunmu. Chicago ganhou uma defesa de perímetro sólida, com jogadores altos e atléticos, juntamente com um QI de basquete diferenciado e um playmaking elevado, principalmente com Lonzo. Resumidamente, o Bulls deu um salto de profundidade na armação.
Os problemas nas alas, a meu ver, ainda não foram 100% resolvidos, pois trouxemos um ótimo pontuador com DeMar DeRozan – um ala atlético, bom defensor e muito bom finalizador –, Derrick Jones Jr e outros dois wings e role players: Tyler Cook e Santely Johnson. Entretanto, vejo um problema, pois os dois últimos possuem pouca cancha e jogaram a maioria das vezes, fora de suas posições de origem, atuando como ala-armador ou até pivô.
Entre os bigs mans, alas-pivô e pivôs, tivemos a chegada de Marko Simonović, um pontuador eficiente, com um QI de basquete diferenciado para a posição e um bom reboteiro, porém com dificuldade de mobilidade e dificuldade defensiva. O outro big man, vindo do OKC, Tony Bradley é um big clássico e role player razoável, mas que mantém os problemas dos alas: pouca minutagem em quadra e poucas oportunidades. Alize Johnson, ala-pivô baixinho com um estilo de jogo parecido com o de Montrezl Harrell, mantem os mesmos padrões dos já citados. Porém todos tem algo em comum: o potencial.
É esperado que o Bulls dê um salto para um time capaz de chegar aos playoffs, porém caso não consiga não será nada surpreendente, já que o elenco nunca jogou junto e está repleto de jogadores com pouca cancha. No melhor dos cenários, a equipe de Chicago fica entre o quarto e quinto lugar e no pior deles, jogam o play in ficando em sexto ou sétimo. Mas há esperança!