Olá, gigantes! Como estão? Ainda estamos nos recuperando de um All Star Weekend muito especial que vai ficar marcado na história da NBA e na do nosso podcast. Gostaríamos de compartilhar um pouquinho dessa experiência com você que nos lê e nos ouve. Confira:

Sexta-feira – Desafio das celebridades e jogo dos calouros (EUA X Mundo)

Esse que foi o dia mais morno do evento se comparado ao resto do fim de semana, demonstrou ser mais um bom “esquenta” para o que estava por vir.

O jogo das celebridades é daqueles onde o espectador brasileiro tem poucos motivos para assistir. A maior parte dos convidados é famosa nos Estados Unidos, mas dificilmente tem alcance fora dele; o que torna a maior parte das piadas sem contexto pra gente. Mas vez ou outra rende uns momentos divertidos como o toco ignorante que o veterano Quentin Richardson disparou contra o rechonchudinho Anthony Adams.

Já o desafio da nova geração da NBA marcado pelo confronto Estados Unidos contra jogadores do Time Mundo teve a cara do All Star Game: pouca defesa, clima muito descontraído e muitas jogadas plásticas dignas de Top 10. Chamaram a atenção nesse dia o quarteto de jogadores formado por Trae Young, Luka Doncic, Já Morant e Zion Williamson. Os dois primeiros como capitães das duas equipes e já consolidados como estrelas de primeiro escalão em sua primeira escalação como titulares do jogo principal no domingo, comandaram o show com lindas jogadas como a cesta do meio da quadra de Luka Doncic ao final do primeiro tempo. Rendeu uma das melhores imagens do evento.

Por outro lado, Ja Morant e Zion Williamson foram um show à parte atuando juntos e com excelente entrosamento. Os dois protagonizaram a maioria dos highlights da partida e mostraram todo o seu potencial a ser desenvolvido pelos próximos anos. A nova safra da NBA tem tudo para brilhar pelos próximos anos.

Sábado – Desafio das habilidades, Torneio de 3 pontos e Campeonato de enterradas

O sábado foi um dia marcante na história do BIG3. Recebemos o convite do grande Rodrigo Alves para participarmos da transmissão feita pelo Globo Esporte.com onde o nosso querido Mogli se juntaria a ninguém mais ninguém menos do que Marcelinho Machado e a Rainha Hortência para comentar o evento (com direito a participação do Raphael Roque do podcast 2 Pontos). Foi uma noite incrível com muito bate-papo sobre NBA, podcast e com direito a pizza para completar. Difícil colocar em palavras o quanto sentimo-nos honrados em estarmos lá compartilhando o nosso amor por esse esporte que nos move. Assista ao pré-jogo do sábado do All Star Weekend aqui.

“Vai no Miami sem medo!”

Perguntados pelo Marcelinho sobre os palpites para aquela noite, nosso Renan (que também estava lá nos bastidores) não deixou passar a oportunidade de ser clubista: “vou de Miami em tudo!”. Marcelinho cravou que o palpite era bom. E foi mesmo.

No desafio de habilidades que abriu a noite de sábado do All Star Weekend, Bam Adebayo saiu vitorioso numa disputa onde surpreendentemente os jogadores de armação levaram a pior para os grandalhões. Adebayo venceu a disputa eliminando Domantas Sabonis na rodada final.

O torneio de três pontos contou com uma novidade nessa edição: a green ball, ou bola verde. Tratavam-se de duas estações à um metro e oitenta da linha dos três pontos que simulavam o “arremesso do meio da quadra” que valeriam três pontos além dos dois pontos das “Money Balls” e as bolas comuns que valiam um ponto a cada arremesso convertido. Na primeira rodada classificaram-se Davis Bertans, Devin Booker e Buddy Hield, sendo esse último o campeão do torneio que só foi decidido no último arremesso. A inclusão da bola verde dividiu opiniões. Há quem considere que elas quebram o ritmo dos arremessos e há quem diga que os três pontos que elas valem acrescentam dinamismo à disputa.

Aaron Gordon, do Orlando Magic

Só que nenhuma polêmica se compara ao Torneio de Enterradas de 2020. A disputa que contou com Aaron Gordon, Derrick Jones Jr., Dwight Howard e Pat Connaughton deu o que falar. Todos os participantes vieram com um arsenal impressionante de enterradas já na primeira rodada, onde tivemos uma nota questionável para Pat Connaughton vinda de Dwyane Wade. Curiosamente foi justamente por conta dessa nota que Derrick Jones Jr. classificou-se para a rodada final junto com Aaron Gordon com margem de um ponto à frente de Connaughton. Estaria Wade favorecendo o jogador de Miami, camisa que defendeu pela maior parte da carreira?

Miami Heat's Derrick Jones Jr. heads to the basket during the NBA All-Star slam dunk contest in Chicago, Saturday, Feb. 15, 2020. (Associated Press)
Derrick Jones Jr. do Miami Heat

A segunda rodada veio para confirmar o alto nível da disputa. Tanto Gordon quanto Jones preferiram priorizar mais a técnica do que o show, entregando enterradas de altíssimo grau de dificuldade. Ambos empatados com placares perfeitos em três tentativas para cada um, tudo parecia se encaminhar para um desempate pelo primeiro erro que pudesse ser cometido por um dos dois. Foi quando Jones Jr. tirou um 48, o que pareceu a oportunidade de ouro para Aaron Gordon finalmente sair campeão do torneio. Foi quando o jovem jogador do Orlando Magic chamou o gigante Tacko Fall do Boston Celtics numa enterrada improvisada onde Gordon passaria por cima do pivô de 2.26 metros, o que ele acabou entregando no fim das contas. Foi a jogada que mais empolgou a plateia presente no ginásio, mas também foi nela que Gordon cometeu deslizes, pois quase derrubou Fall no processo. O resultado foi três jurados (incluindo Dwyane Wade) retirando um ponto da nota final, deixando Gordon com 47 pontos sob os protestos da plateia. Derick Jones Jr. levou o troféu pra casa.

Mais tarde o rapper Common, que também era um dos jurados, declarou que ele e os demais jurados haviam combinado entre si que deixariam o placar empatado, mas “alguém aparentemente não entendeu o recado”. Que comecem as teorias. Fato é que Gordon ficou decepcionado por mais uma vez se sentir injustiçado e anunciou que não retornaria mais para disputar o Torneio de Enterradas.

Domingo – Jogo Principal – Team Lebron X Team Giannis

Desnecessário dizer que esse dia estava naturalmente cercado de muitas expectativas. Homenagens à Kobe e Gianna Bryant, bem como ao ex-comissário David Stern existiram durante todo o All Star Weekend, mas domingo foi contundente. Desde o emocionante discurso de Magic Johnson, os oito segundos de silêncio, as apresentações de Jennifer Hudson e Common, os patches nos uniformes dos jogadores que vestiam os números 2 (Team Lebron) e 24 (Team Giannis), a presença de Kobe Bryant era muito sentida por todos.

Por conta dele, a partida experimentaria uma curiosa mudança de formato que intrigava os espectadores: cada quarto funcionaria como uma partida isolada até o último quarto onde haveria uma contagem do placar agregado e o time que estivesse na liderança precisaria alcançar mais 24 pontos para vencer a partida. O time que estivesse atrás, precisava dos 24 pontos e remar a diferença entre eles no placar agregado. A vitória em cada um dos quartos significava uma quantia a ser doada para uma organização social de Chicago apadrinhada pelas equipes.

Como uma sábia mente proclamou no Twitter: os jogadores precisavam abraçar a ideia, e eles abraçaram.

O resultado foi uma partida que no primeiro tempo começou igual às demais edições do All Star Game: jogadas plásticas e pouca ou nenhuma defesa. Vitória do Team Lebron no primeiro quarto e vitória do Team Giannis no segundo. O terceiro quarto terminou empatado entre as duas equipes, o que tornou a quantia a ser arrecadada naquela etapa acumulada para o vencedor do último e derradeiro quarto. Se havia alguma necessidade de deixar a partida mais interessante, a torcida das crianças apadrinhadas pelos times não deixava nenhuma dúvida. O último quarto pegaria fogo.

No placar agregado, o Team Giannis levava vantagem, com o Team Lebron precisando tirar uma diferença de 9 pontos. Os reservas que começaram o último quarto logo deram espaço aos titulares do Leste e do Oeste com um veterano em cada equipe. Pelo Oeste: Lebron James, Anthony Davis, Kawhi Leonard, James Harden e Chris Paul. Pelo Leste: Giannis Antetokounmpo, Joel Embiid, Pascal Siakam, Kemba Walker e Kyle Lowry. O que aconteceu nesse quarto sem cronômetro foi algo como há muito tempo não se via no All Star Game. Defesas fortíssimas e muita competitividade. Para termos uma noção, em determinado ponto desse último quarto apenas uma enterrada tinha acontecido enquanto nos três outros quartos anteriores foram 49 no total. Faltas de ataque, turnovers e reclamação com a arbitragem acabaram deixando um jogo festivo com cara de partida de playoff.

Brilhou a estrela de Lebron James: o jogador comandou a reação da sua equipe que não só tirou a diferença, mas tomou a dianteira no placar. Enfim, numa cobrança de lance livre de Anthony Davis, o Team Lebron levou a vitória, com Kawhi Leonard sendo eleito o MVP da partida e recebendo o troféu recém-batizado Kobe Bryant de melhor jogador.

O novo formato foi muito bem recebido, gerando uma adrenalina e uma repercussão muito positiva pelas redes All Star Weekend. A cena das crianças apadrinhadas por Lebron James e companhia invadindo a quadra e abraçando os jogadores em festa vai marcar a memória de todos. A NBA encontra-se no caminho certo para reformular o All Star Game e torna-lo muito mais atrativo.

Foi um prazer imenso ver a história acontecendo em 2020. Com a NBA e com a gente.