A desigualdade de gênero no mercado de trabalho entre os homens e as mulheres não é novidade para ninguém. E mesmo no país mais influente do globo, os Estados Unidos, as mulheres não deixariam de sofrer com isso. No lugar que tem as melhores ligas/atletas do mundo, engana-se quem pensa que essas jogadoras têm vida fácil em relação às suas profissões.

A WNBA é uma liga feminina de basquete dos EUA e foi fundada em 24 de abril de 1996 pela NBA, mas sua temporada inaugural aconteceu somente em 1997. As diferenças entre a NBA e a W começam aí: enquanto a liga masculina vivia seu ápice com o Chicago Bulls de Michael Jordan e Scott Pippen, a WNBA engatinhava com suas franquias. Na época eram oito e, até então, todas eram vinculadas com a NBA. 

E 24 anos depois de sua fundação, a diferença entre a WNBA e a NBA ainda continua absurda. Enquanto a WNBA tem apenas 12 franquias, a NBA possui 30; o teto salarial da W é de 1,3 milhão de dólares, e na NBA, o teto aprovado pela liga para a temporada 2019/2020 aproxima-se de 110 milhões – uma diferença de quase 84%. A jogadora mais bem paga da WNBA é Chiney Ogwumike, do Los Angeles Sparks. Seu salário base é de 113 mil dólares. Um jogador da NBA como Stephen Curry, por exemplo, recebe 40 milhões pelo Golden State Warriors.

E não paramos por aí: muitas das jogadoras da W, durante a off-season, que seria um período de descanso e distração, vão para outros países para poderem jogar, ter estímulo físico e complementar a renda, porque os salários recebidos das franquias não são suficientes. Atletas como Breanna Stewart, Diana Taurasi, Brittney Griner e Damiris Dantas optaram muitas vezes por disputar a EuroLeague, EuroCup, Copa da Ásia e até a liga brasileira, a LBF.

Breanna Stewart, assim como muitas atletas da WNBA, cruzou distâncias para atuar em outros países. Foto: Swish Appeal

Mesmo nas transmissões das partidas vemos a diferença. No Brasil, por exemplo, não há espaço para os jogos da WNBA. Houve até uma tentativa de exibição de algumas partidas por um canal pago, porém não foi respeitado o prometido e diversos programas foram colocados no ar no lugar dos jogos, sem contar que, quando foram veiculados, houve atraso na transmissão. 

Toda a questão resume-se em um ponto principal: é preciso urgentemente que as jogadoras da WNBA sejam valorizadas, a fim de que elas tenham estímulo para jogar o esporte que tanto amam.