Que Russell Westbrook já é parte do Los Angeles Lakers você já sabia. Pode ser que também saiba sobre o possível retorno de Elena Delle Donne às quadras em agosto, depois de dois anos se recuperando de duas cirurgias na coluna. O que você talvez não soubesse é da convergência entre Brodie e EDD. Então aqui vai uma daquelas piadinhas que provavelmente você fazia quando era criança: o que eram dois pontinhos na Entertainment & Sports Arena?

Elena Delle Donne e Russell Westbrook treinando arremessos. A arena em Washington é casa do Mystics, franquia onde Delle Donne é a estrela, e centro de treinamento do Washington Wizards – antigo time de Westbrook. Para entender essa relação, precisamos dar aquela volta no tempo, até 2019, quando EDD foi eleita MVP e liderou o Mystics para o seu primeiro título, tornando-se a cara da franquia. Dias de glória. Seguidos por dias de luta.

2020 não foi o ano de Delle Donne: primeiro, uma cirurgia na coluna. Segundo: uma pandemia que colocava sua questão de saúde em risco e a opção de jogar a temporada na bolha da Flórida. EDD convive com a doença de Lyme há 12 anos, transmitida por carrapatos, com cura, mas que pode se tornar crônica – o caso dela, que ingere 64 capsulas de remédio por dia. Quando as expectativas do seu retorno para temporada de 2021 eram altas, EDD teve uma hérnia recidivada que a levou ao centro cirúrgico novamente, e a manteve longe das quadras por mais tempo que o esperado.

(créditos: Scott Taetsch/Getty Images)

Desde então, o processo de retorno caminha a passos lentos – mas no melhor dos cenários, caminha. Duas vezes MVP, seis vezes All-Star, medalhista de ouro com a Seleção dos Estados Unidos em 2016, novata do ano em 2013 e a primeira atleta do feminino a ingressar no seleto clube do 50-40-90: pensar em um mundo onde essa shooter de elite não volta ao jogo é de imensa tristeza.

Em momentos de baixa, a própria Delle Donne acreditou que não voltaria a jogar basquete novamente. Sorte a nossa que essa premissa não se concretizou: pela primeira vez desde 2019, ela volta aos treinos em equipe, e mesmo sem um dia exato, o status do retorno foi alterado de “incerto” para “em breve”.

O fun fact desse retorno é o envolvimento de Russell Westbrook, esse ser tão arrogante, de ego inflado e tão criticado por tantos torcedores da NBA. Acredito que todos se lembram de quando Brodie chegou ao Wizards, sendo o primeiro a aparecer nos treinos e da cumplicidade que demonstrava com os colegas de equipe. Com EDD não foi diferente: nos momentos de introspecção em que ela só desejava não estar passando por essa situação, Westbrook a trazia de volta para o futuro que a espera novamente no Mystics.

(créditos: Ned Dishman/NBAE via Getty Images)

Pegando os rebotes de seus arremessos, Delle Donne credita Westbrook como uma de suas principais ajudas nesse processo de recuperação. Além de ser um gesto grandioso de atleta para atleta, demonstra o que os jogadores homens podem fazer para ajudar o basquete feminino. “Ele acredita em mim, essas pessoas acreditam em mim, minhas companheiras de equipe acreditam em mim. Eu consigo fazer isso”, afirmou ela. Também acreditamos EDD, também acreditamos.

Elena Delle Donne está, enfim, voltando – para as graças de quem tem o prazer de acompanhar o basquete feminino. E Russell Westbrook se mostra, mais uma vez, o vilão que não é – para a sorte de quem vai tê-lo como parte do seu time agora. Apenas boas notícias por aqui.