Basquete é um esporte de superação, de inspiração, de busca constante pelos desafios. Bem, assim como todos os outros esportes que não se chamam “frescobol”. Volta e meia a gente se depara com histórias inspiradoras de atletas que superaram todas as adversidades na busca para se tornar o melhor naquilo que fazem, blá, blá, papo motivacional, blá, blá, blá. Só que este espaço também não deixa de ser uma celebração ao clima de domingo que foi feito para relaxar e não ser levado a sério. Dito isso, caríssimo leitor, não espere a velha cartilha de qual é a sua desculpa para não alcançar os seus sonhos?, porque o que eu trago a você é justamente uma série de desculpas que todo peladeiro já mandou ao menos uma vez na vida.
Pô, sem aquecer também… é brabo -> de todas as possíveis desculpas essa é a mais verossímil. Eu fui sempre um defensor do aquecimento pré-jogo antes de toda e qualquer atividade física. Primeiro porque é um ótimo momento para jogar conversa fora. Segundo porque é a sua desculpa para ficar na lateral da quadra assistindo aos outros passando vergonha. Terceiro porque já ouvi a Rainha Hortência e o Marcelinho Machado (conto isso em outra ocasião) levando um papo muito sério sobre como é f*$@ ir lá no Luciano Huck com todo mundo olhando para você esperando você converter todos os arremessos, sendo que você nem tem a chance de se aquecer primeiro!. Como podem ver, o Luciano Huck não satisfeito em fazer o pobre brasileiro pagar mico, ainda envolve as estrelas do basquete nacional.
Ah, mas esse aro também tá horrível! -> reparem que aqui começa o processo da culpa nos fatores externos. Você olha para o aro. Tá lá. Redondo. O buraco continua no mesmo lugar. Um parafuso meio frouxo na tabela? Vá lá, acontece! Mas aí você se lembra das fotos que passam pela internet de gente jogando basquete no Haiti, no Camboja, no Sri Lanka ou coisa que o valha. É tabela improvisada com cesto de lixo, com aro de bicicleta, as criança tudo rindo e brincando e o bonito ali não consegue nem por decreto acertar o lance livre para tirar o time! A culpa é do aro? Me poupe.
Tá na hora de trocar o tênis já… -> todo santo e sagrado domingo a pessoa vai mandar essa e no domingo seguinte tá lá a criatura com o mesmo modelito no pé. Todo mundo conhece o tênis. Todo mundo sabe que na hora em que a bola da pessoa tá caindo, ninguém reclama do tênis. Mas na hora do arremesso miserável, do passe errado, do escorregão, o tênis “já deu”. Enquanto isso, executivos da Nike, da Adidas, da Reebok, da UnderArmour, gargalham às nossas custas.
Tem outra bola não? -> uma das piores. Tá lá a bola. Laranja, na maior parte das vezes. Redondinha. Dependendo da pelada, é um verdadeiro milagre ela estar lá, já sabendo o quanto é frustrante quando todo mundo chega em quadra e ninguém tem bola. Fulano tá trazendo, tá vindo já e uma espera de dar agonia. Chega fulano com a bola e ainda tem quem reclame. Tá lisa demais, tá vazia demais, tá cheia demais, tá tudo demais e o basquete de vocês tá de menos. Mas culpada é a bola. Sei…
Na NBA é diferente… -> disparada a pior de todas. Na maior parte das vezes o autor da frase não acompanha NBA, mas por saber que tem uma diferença entre as regras da liga norte-americana para o basquete FIBA, tomam licença poética para justificar as maiores atrocidades já vistas. Quando a bola entra no aro mas sai depois, eles dão o ponto (quê?); isso aqui não é andada (pelo menos uns quatro passos sem quicar a bola); andada! (coisa nenhuma, acabou de tomar um drible desconcertante); falta! (subiu com a bola já gritando antes mesmo de receber contato); e prefiro nem começar a conversa sobre dois dribles…
Dá não… tá na hora de aposentar já -> semana que vem é o primeiro a chegar na quadra.