2021 NCAA Tournament: Some March Madness dates shift as full schedule and  locations are set - CBSSports.com

Badalados desde o ensino básico, atletas com potencial de chegar à NBA são perseguidos pelos programas escolares assim que possível nos Estados Unidos. A possibilidade de ganhar uma bolsa e cursar uma universidade em um país em que as dívidas estudantis são a segunda principal causa de endividamento para as famílias, realça ainda mais a importância desse tipo de programa. No pior dos casos, esportivamente falando, os atletas saem dessa fase com um diploma universitário o que permitirá uma maior mobilidade social e maiores oportunidades.

O basquete universitário brasileiro é bem menos glamouroso que o que temos lá nos States. Óbvio, é totalmente desproporcional querer comparar a estrutura esportiva brasileira com qualquer time da NCAA – eu diria até que times de faculdades comunitárias tem anos luz de estrutura em comparação com as universidades daqui. Porém o esporte universitário existe e se desenvolve a minúsculos passos, movido mais pela paixão e prática do que qualquer outra coisa. É totalmente normal vermos atletas universitários brasileiros conciliando o estudo, o trabalho e tendo o jogo como terceira atividade.

Na coluna de hoje, vou traçar um paralelo entre fatores que contribuem para esse panorama, focando em alguns aspectos culturais de lá que facilitam a adoção de investimentos nesse tipo de formação, e porque aqui talvez isso não aconteça. A ideia é não olhar o fim (nesse caso o investimento) e sim o entorno que motiva tudo isso, então se ajeita na cadeira e vem comigo.

Proximidade da Comunidade na Universidade e Identificação Esportiva

Utah basketball game guide: Jackrabbits stand between Runnin' Utes and a  happy holiday - The Salt Lake Tribune

Um grande fator para o acolhimento e holofote para o esporte universitário norte-americano como um todo vem antes de mais nada com a relação da comunidade perante os times. Muito do que move o esporte por lá vem dos times universitários serem muitas vezes os únicos da região, até mesmo o principal da cidade, formando torcedores que enxergam o time como representação dos costumes, do orgulho de pertencer e acabam carregando isso para os ginásios.

Quando olhamos para o nosso “quintal” encontramos um distanciamento das universidades até no âmbito social e no relacionamento com a comunidade em que o campus divide o espaço geográfico. Um diploma universitário, por mais que nos últimos anos venha sendo popularizado, ainda é restrito quando olhamos o tamanho da população brasileira. E é comum que muitas das vezes não exista o relacionamento da faculdade com os habitantes do entorno em que ela ocupa, então como esperar que exista o mínimo de visibilidade ou interesse no que ocorre ali dentro do campus, quando não existe interesse mútuo entre as partes? No entanto, acredito que esse não seja o único fator que contribui para termos um ambiente pobre para o basquete universitário, então bora seguir com mais argumentos.

Campeonatos Descentralizados 

A NCCA gere, dentre suas divisões, cerca de 1281 instituições. Tendo uma cobertura e controle nacional para com os campeonatos. Não existe algo próximo disso aqui no Brasil (a atuação da confederação brasileira universitária não é tão próxima das universidades), dificultando muito a organização de campeonatos nacionais que poderiam chamar a atenção e gerar maior visibilidade. O que acontece por aqui é a forte regionalização e até mesmo municipalização dos campeonatos. Falando da minha vivência em São Paulo, os times de basquete jogavam os campeonatos promovidos pela USP e também pela NDU (Novo Desporto Universitário), que promoviam campeonatos entre as faculdades da região metropolitana. Porém morria nisso e o mais próximo de grandes competições que tínhamos era quando alguns atletas formavam a seleção da USP e iam jogar campeonatos como a UNISINOS que contava com times da América do Sul, mas tudo muito longe e sem envolver os torcedores das faculdades.

Os times do interior sentem mais dificuldades ainda, mas acham alternativas boas para competir. Alguns deles conseguem se inscrever em jogos municipais, fugindo da esfera universitária ou então contam com a FUPE (Federação Universitária Paulista de Esportes) e participam das competições.

Programas de bolsas existem, mas não são populares entre as instituições

Nos Estados Unidos as bolsas para os atletas significam oportunidades duradouras na vida. Aqui no Brasil, nossa realidade muitas vezes deixa o caminho do estudo e do esporte em lados opostos. Não existe um programa federal ou nenhum tipo de lei governamental que reserve vagas para jogadores-atletas. O que existe são iniciativas de alguns municípios do estado de São Paulo, como a cidade de Guarulhos, que dá para seus atletas a oportunidade de cursarem uma universidade pela UNG (Universidade de Guarulhos). Segundo o portal da Prefeitura de Guarulhos, em dez anos de parceria com a Universidade, cerca de 400 atletas já conquistaram o diploma de curso superior. Além disso, no ano passado, com a renovação deste convênio, mais cem atletas foram contemplados por bolsas de estudos nas modalidades de atletismo, basquete, boxe, ciclismo, handebol, judô, karatê e voleibol. 

Já o trabalho das faculdades particulares é bem embrionário nesse sentido, buscando principalmente fazer com que os atletas promovam a universidade, como é o caso da UNITAU (Universidade de Taubaté), que em seu regimento diz que define como um das obrigações do aluno contemplado com a Bolsa Atleta “divulgar o nome da Unitau em entrevistas, premiações em competições, fotos ou em outros meios, portando vestimenta que ostente a logomarca da Unitau”. 

Expectativas Futuras

Acredito que a maior expectativa de todo amante do esporte é que esses programas cresçam, mas também tenho a total convicção que não é algo que mude em um curto prazo, só talvez se algum clube fizesse uma parceria com alguma universidade e impactasse a grande mídia para isso, o que acho quase impossível de acontecer. Vale dizer também que atualmente os campeonatos universitários aqui no Brasil ainda não voltaram após a paralisação devido ao COVID, o que impactou bastante na evolução do esporte por aqui e na motivação para com o acompanhamento do mesmo.

E você, acompanha o basquete universitário na sua região? Como são os campeonatos por aí? Deixa nos comentários e bora trocar ideia sobre!

Até a próxima.