A Voz das Quadras é um podcast sobre mulheres que produzem conteúdo sobre basquete

Minha relação com basquete é nova, é recente, um bebê comparado aos anos e anos de existência desse esporte. Mas é uma relação – consolidada, diga-se de passagem, e que mais me trouxe alegrias em (míseros) 21 anos de vida. Oi, tudo bom? Posso te contar minha história com o basquete feminino?

Foi em um sábado de sol, quando a NBA tinha acabado de voltar, e eu acabara de conhecer uma série de mulheres incríveis. Elas povoavam minha timeline com informações sobre o primeiro jogo que iria inaugurar a temporada da WNBA. Foi uma questão de sorte estar acordada ao meio-dia daquele sábado, e descobrir que dali a uma hora, Seattle Storm e New York Liberty entrariam em quadra com direito a transmissão na televisão – no canal que só passava na sala de casa. Rumei obstinada a tirar quem quer que estivesse ocupando o sofá, pois era o dia do basquete feminino e ninguém me impediria de assisti-lo pela primeira vez.

ESPN 2 sintonizada e um ultimato: “vou assistir o jogo de basquete aqui”. “Quem vai jogar essa hora?” “Seattle Storm e New York Liberty.” “Quem?” “O basquete feminino” Já no primeiro jogo, o primeiro baque: “ah, mas não tem enterrada né?” E eu não soube responder. Guardei a fúria de não saber a resposta ainda, ao mesmo tempo em que sentia raiva pela importância daquelas mulheres ser minimizada “pela falta de enterrada”.

Aquecimento. Blusas pretas com a campanha Black Lives Matter. Um VT sobre justiça social que me arrepia até hoje de lembrar. Eu me senti em casa. Layshia Clarendon leu o manifesto do Say Her Name. Os nomes delas foram ditos. Breanna Stewart corroborou. E eu, vendo tudo aquilo pela primeira vez, estava com lagriminhas de emoção nos olhos. Era a junção do que eu mais achava importante: a convergência entre basquete e política. Tudo é político e aquelas mulheres em quadra, lendo manifestos ou em um minuto de silêncio, era o suprassumo da manifestação das vozes da quadra.

Eis o resumo da ópera: as vozes em quadra, as de dentro e fora das quatro linhas, a minha e de tantas outras mulheres que seguem esse mesmo caminho de cobrir, comentar e viver o basquete. Devo dizer que eu estava em um rebuliço furioso. No melhor estilo Meninas Malvadas, eu estava obcecada, passava 80% do meu tempo falando sobre basquete e os 20% restantes eu torcia para que alguém falasse disso, só para poder falar mais um pouco. Presa em um tema de tcc que me desgastava, eu não queria mais nada… até que a luz no fim do túnel surgiu: por que não jogar tudo para o alto e começar de novo, falando de… basquete?

Ato de coragem, segundo a senhora minha mãe, mas não tinha como ser diferente. Ok, basquete. Mas o quê do basquete exatamente? Juntei o a+b e nasceu a fênix do tcc: A Voz Das Quadras, um podcast para falar sobre as mulheres que falam sobre basquete, seja dentro ou fora dela. A chegada ao mundo desse trabalho não poderia ser mais simbólica: oito de março, estreia da LBF em rede nacional e a grande conjunção de tudo que descobri sobre basquete. Um recomeço, dessa vez “lançando a braba” com aquilo que me é importante: escutar as vozes das quadras, amplificar nossa voz, chegar mais longe e contar a nossa história.

Gostaria de mostrar a vocês a síntese de toda a força que eu tenho, por mim e por todas nós. É com muito ­– mas muito mesmo – carinho (e esperança de um futuro que nos acolha mais), que apresento – a vocês e a mim mesma – A Voz Das Quadras.