Volto depois de uma semana de ausência para justificar o meu afastamento dessa coluna. Obviamente um profissional alegaria “motivos pessoais” e encerraria o assunto sem dar muita margem para perguntas, o que funcionaria muito bem até os paparazzi divulgarem fotos do tal profissional farreando em alguma festa badalada, vestindo e bebendo coisas caras. Não corro esse risco. Se por conseguir driblar os paparazzi ou se por não ter dinheiro para nada disso, deixo a cargo da imaginação do querido leitor.

Precisei direcionar meu tempo e energia para outros assuntos profissionais e uma breve vida de vestibulando depois dos trinta, o que fez com que eu precisasse dar um tempo dos assuntos relacionados ao basquete. Por algumas semanas, eu não sabia quem jogava contra quem, abandonei meus times nas ligas de fantasy à própria sorte e sequer consegui praticar exercícios físicos usando a bola laranja. Foi doloroso, porém necessário.

Acabei me lembrando de colegas com quem volta e meia me encontro nas ruas ou nas redes sociais por aí. Os famosos parei, aposentei ou tô parado. Claro que por motivos diferentes, mas os ditos cujos também deram a si mesmos um tempo do basquete. Alguns com retorno indefinido, já diriam os boletins esportivos. Eu fico me perguntando honestamente como eles conseguem, se é que de fato conseguem.

Tire por exemplo os atletas profissionais que logo após a aposentadoria das quadras retornam dali a poucos meses como comentaristas esportivos. Ou tornam-se embaixadores da liga, do time ou de si mesmos. O já saudoso Kobe Bryant contou em entrevistas sobre o processo de não querer assistir nada relacionado à NBA depois de aposentado a fim de conseguir lidar com os pensamentos de eu ainda poderia estar ali. Assim como ele, tantos outros. Michael Jordan voltando das duas aposentadorias, por exemplo. E não termina por aí.

No meu caso, cuja biografia pessoal interessa a um total de zero jornalistas, “dar um tempo” de basquete é algo que perde todo o significado no momento em que abro meu guarda-roupa e escolho se visto a camisa com a estampa do Dwyane Wade ou a do Damian Lillard. Bebo um gole d’água no copo do Miami Heat e pego meu caderno com a estampa do mesmo time. Pego o celular e as notificações são sobre os jogos da noite passada, os podcasts esportivos que você acompanha têm episódios novos, o bot inserido no grupo do Telegram compartilha automaticamente as notícias da semana e, a melhor parte, um conhecido me procura falando vi esse negócio aqui de basquete e lembrei de você! “Dar um tempo”? Eu amo esse autoengano. 

É disso que se trata a famosa frase não é um esporte, mas um estilo de vida. Uma vez que você abraça o basquete, dificilmente você vai conseguir encontrar o botão de “desligar” dentro de você, se é que ele existe. Não se quebra o pacto dessa forma. Você devolve a ele tudo o que ele te deu. Todos os bons momentos, euforias, angústias, risadas, amizades. Seja grato.

Sempre.

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