Aconteceu um negócio lá em Los Angeles…
Resumindo o que se passou na última semana: na quinta-feira o Los Angeles Lakers perdeu de forma contundente para o rival e co-inquilino de arena, o Los Angeles Clippers. Muitas críticas à atuação e a passividade do elenco, incluindo o astro Lebron James. Na sexta-feira, a quinta temporada do programa “The Shop” estreou no YouTube. No episódio de estreia, Lebron James debate os motivos sobre o porquê dele ainda não estar pronto para deixar a NBA ainda, mesmo aos 37 anos e em sua 19ª temporada. No sábado… Ah (suspira), o sábado…
No sábado, Lebron James despejou o puro suco de talento diante do Golden State Warriors. O mesmo Lebron James de 37 anos e em sua 19ª temporada, fez nada mais nada menos do que 56 pontos em 61% de aproveitamento dos arremessos, dando à vitória ao criticado time do Lakers. Ele se tornou o jogador mais velho da história da NBA a cometer a façanha de uma partida de mais de 50 pontos e 10 rebotes. Uma daquelas atuações para se aplaudir de pé, estando você no ginásio em Los Angeles ou no sofá da sua casa. Para dizer “Lebron James: eu vi jogar!”.
Tá, mas e daí?
Acho que todo fã de esporte tem a sua cota pessoal de highlights. Momentos tão marcantes de carreiras tão incríveis que a gente não se esquece. Lembramos onde e com quem estávamos, o que vestimos, o que falávamos. Uma das muitas façanhas de Lebron James, a última partida de Kobe Bryant, a medalha olímpica da Rayssa Leal, Lewis Hamilton em Interlagos, e até o passeio da Alemanha em 2014. Esses e outros momentos entram para a seleta galeria do “eu vi”.
Mas já parou para pensar em quantos momentos você mesmo presenteou a sua memória com “eu vi”? Volta e meia algum amigo, após ler a coluna de domingo com alguma história que compartilhamos, vem me perguntar: mas você lembra disso?. Mas é claro que eu me lembro, ora essa. Eu estava lá, eu vi. Se uma pelada de fim de semana não me puder render história para contar depois, qual é o sentido da coisa toda?
Não que alguém vá estabelecer um livro de recordes. Contabilizar estatísticas. Ou gravar lances que ficarão eternizados na memória do esporte. Até porque toda vez em que alguém se propõe a fotografar ou filmar alguma coisa nas peladas pode contar que para cada grande lance registrado, tem outros cinquenta e sete lamentáveis que ninguém tem coragem de compartilhar. Não, não. A memória se encarrega de registrar tudo. Seja Lebron James ou qualquer Zé Ruela de fim de semana.
Com o passar dos anos a gente vai ganhando a nossa própria cota de momentos “eu vi”. Eu vi um casal tendo uma “D.R,” à beira da quadra. Eu vi um molequinho que implorava para poder jogar com a galera crescer, ficar maior do que eu e jogar o fino do basquete. Eu vi uma menininha ainda no ensino fundamental fazer um pump fake em cima de um rapaz calejado das quadras, converter a cesta logo em seguida e levar a galera ao delírio. Eu vi muita coisa. Coisas com as quais ninguém se importa. Coisas que não saem da minha memória.
E tenho certeza que muita gente me viu também. Eu, você, o Lebron James. Quem viu, viu.